O blogue Música com História (Igor Stravinsky) tem como principal objectivo o enquadramento histórico da obra L'Histoire du Soldat do compositor russo Igor Stravinsky, no âmbito da disciplina de História da Música (EMCN, docente Helena Lima) e versa os seguintes aspectos:
- Caracterização do neoclassicismo a partir da obra de Igor Stravinsky, enquadrado pelos acontecimentos sócio-políticos, artísticos e culturais do período entre guerras.
Como objectivos específicos pretende:
- Dar a conhecer o contexto histórico da primeira metade do séc. XX, identificando as correntes artísticas e culturais que se desenvolveram até ao início da Segunda-Guerra Mundial.
- Identificar as distintas fases criativas de Stravinsky.
- Identificar os principais aspectos que caracterizam o neo-classicismo, contextualizando a obra L'Histoire du Soldat.
Actividades a desenvolver:
- Leitura de textos; conhecimento de bibliografia básica.
- Audição / visualização de L'Histoire du Soldat.
- Audição de excertos de outras obras de Stravinsky e de outros compositores do estilo em análise.
- Audição /visualização de excertos de obras de Stravinsky relativos às várias fases de criação do compositor.
- Audição /visualização de excertos de obras de compositores de referência da primeira metade do séc. XX.
- Realização de trabalhos individuais e/ou em grupo.
- Desenvolvimento de uma apresentação em grupo para a aula, sobre um aspecto particular da temática abordada a indicar pelo professor (ou proposta pelos alunos).
Avaliação:
Para a avaliação sobre a temática em questão os alunos deverão realizar um dos seguintes trabalhos:
- Criação de um dicionário sobre as correntes musicais da primeira metade do séc. XX, com a definição de conceitos, resumo das características das correntes, identificação dos principais compositores e obras mais relevantes.
- Exposição oral relativa a um dos aspectos da obra ou vida e obra de Igor Stravinsky (a acordar entre docente e alunos), em grupo, com recurso a power point. As referências bibliográficas de base serão as mesmas do ponto anterior, sendo indicadas outras obras em função da temática escolhida.
Bibilografia:
os alunos poderão consultar a net, sendo no entanto obrigatória a consulta das seguintes obras (uma de cada grupo):
a) Michael Kennedy, Dicionário Oxford de Música, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994; Ulrich Michels, Atlas de Música I, Lisboa, Gradiva, 2003; Ulrich Michels, Atlas de Música II. Do Barroco à Actualidade, Lisboa, Gradiva, 2007; Paul Griffiths, Enciclopédia de Música do Séc. XX, São Paulo, Martins Fontes, 1995; Stanley Sadie, The New Grove Dictionary of Music and Musicians, London, Macmillan, 1994.
b) Donald Grout, Claude Palisca, História da Música Ocidental, Lisboa, Gradiva, 1994; Paul Griffiths, A Música Moderna. Uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez, São Paulo, Jorge Zahar, 1980 (também disponível parcialmente na net; ver recursos documentais - Neoclassicismo); Robert Morgan, Twentieth-Century Music: a history of musical style in modern Europe and America, New York, Norton, 1991.
Poderá ainda ser indicada bibliografia mais específica, consoante a temática escolhida.
Três músicos (1921), Pablo Picasso
OS MELHORES TRABALHOS SERÃO PUBLICADOS NO BLOGUE
1918 - 1939: CONTEXTO POLÍTICO E SOCIAL
Bibliografia de apoio: Mourre. Dicionário de História Universal. Lisboa, Círculo de Leitores, 1998
1918-1939 é o espaço temporal que medeia entre dois dos acontecimentos mais marcantes e trágicos do séc. XX: a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939 -1945).
O período que decorre entre as duas guerras é tudo menos pacífico, como o demonstra a sangrenta Guerra Civil de Espanha (1936-1938), onde Alemanha e Itália apoiaram Franco contra os republicanos, que reuniam as simpatias de russos, franceses e britânicos. Guernica, de Pablo Picasso, 1937, representa na linguagem cubista o horror dessa guerra, em que os dois blocos mediram forças e a Alemanha nazi testou novas formas e armas de combate, verdadeiro tubo de ensaio do conflito prestes a eclodir.
Guernica (1937) de Pablo Picasso
As duras condições impostas às nações vencidas na Primeira Guerra, aliadas à crise económica generalizada, aos conflitos locais que continuaram a marcar a história dos povos eslavos, à ascensão do nazismo alemão (Hitler), do fascismo italiano (Mussolini) e do imperialismo japonês, originaram um novo conflito que se revelou ainda mais mortífero e avassalador do que o antecedente.
Estes avanços proporcionaram, nos países industrializados, um desenvolvimento tecnológico ímpar de que viria a resultar, já na segunda metade do séc. XX, a invenção do computador, a exploração espacial, e ainda a erradicação de doenças endémicas e epidemias graves.
Estes desenvolvimentos vão ter enormes repercussões na produção artística do séc. XX, explorando as relações entre o homem e a máquina, que na música terá como aspecto mais acabado a música electrónica e a utilização do computador na composição. A pluridade estilística do séc. XX, vai pôr em evidência não só concepções estéticas que reflectem os acontecimentos políticos e sociais, mas também os meios que estão ao dispor dos criadores na sua abordagem a um património cultural cada vez mais lato, ou, melhor dizendo, a uma multitude de patrimónios cuja recolha e preservação só foi possível com o desenvolvimento tecnológico (nomeadamente os processos de gravação).
* Consultar RECURSOS DOCUMENTAIS: HISTÓRIA DO SÉC. XX
Na música vai ser abandonada ou redefinida a linguagem tonal e as estruturas formais que lhe estavam associadas, cujo declíneo começou já com o cromatismo wagneriano e que se estendeu pelo pós-romantismo.
- harmónicas/formais em Claude Debussy (1) (Prélude à l' après-midi d'un faune, 1892-94, Paris, inaugura o modernismo musical, onde a liberdade formal está intrinsecamente ligada à ambiguidade tonal);
- harmónicas em Arnold Schoenberg (2) (as 3 Peças para Piano, de 1911, Viena, marca em absoluto a início da fase da atonalidade, que já se vinha desenhando praticamente desde o Sexteto de cordas Verklärte Nacht ,op. 4 de 1899);
- rítmicas em Stravinsky (3) (com a Sagração da Primavera, em 1913),
(2) Para referências na net sobre Schoenberg consultar wikipedia (aconselha-se o artigo em inglês)
(3) Para referências na net sobre Stravinsky consultar wikipedia (aconselha-se o artigo em inglês)
Impressionismo/simbolismo, expressionismo, futurismo, dodecafonismo, neoclassicismo, nacionalismo/folclorismo estão entre as principais tendências que surgem na música erudita das primeiras décadas do séc. XX. Assentes na individualidade de cada compositor, herança marcante do romantismo que será ao longo do século ainda mais ampliada, algumas dessas correntes irão culminar na dissociação radical entre o criador e o grande público, apegado a formas de representação artística mais tradicionais e mais facilmente descodificáveis, que começam a ser reproduzidas em massa com a indústria discográica e a rádio, quer no âmbito da música popular ou erudita de séculos passados.
Outra influência que vai marcar tanto compositores europeus (Stravinsky, Krenek, Weil, ...) como norte-americanos (Gershwin, Copland, Bernstein, ...), é o jazz, música popular dos afro-americanos que, em conjunto com os blues, acabará por ter também fortes repercussões no desenvolvimento da música popular urbana nos pós-guerra (quer nos "loucos anos vinte", quer no rock dos anos 50).